quinta-feira, 7 de abril de 2011

Bebê de 2 meses morre à espera de UTI em SLZ

Por Jock Dean, de O Estado Maranhão:

O bebê Hanna Ester Aguiar, de 2 meses, morreu na manhã de ontem, após 10 dias à espera de um leito de UTIS em hospitais públicos e privados de São Luís. Na tarde de terça-feira, dia 5, com o quadro clínico muito debilitado, uma liminar concedida pela 1ª Promotoria de Justiça Especializada em Infância e Juventude garantiu que ela fosse transferida para o Hospital Aliança, onde morreu em decorrência de uma infecção generalizada. Revoltada e alegando negligência, a família disse que entrará com uma ação judicial contra o Hospital da Criança Dr. Odorico Amaral de Matos, onde a menina passou 15 dias internada, à espera de vaga em UTI.

Segundo o relatório do prontuário médico do Hospital Aliança, Hanna Aguiar morreu de infecção generalizada decorrente de um processo infeccioso na perna esquerda. O quadro da menina foi agravado também pela pneumonia e insuficiência respiratória, que ela sofria há quase 15 dias. Na noite de terça-feira, a criança teve uma parada cardíaca, sendo reanimada pela equipe médica da UTI Infantil do Hospital Aliança. Outra parada cardíaca aconteceu na manhã de ontem, mas ela não resistiu.

Desesero dos pais de Hanna após a notícia de sua morte. Foto: Flora Dolores/O Estado

Internação
No dia 21 de março, Hanna Aguiar foi internada na área vermelha do Hospital da Criança para tratar-se de uma pneumonia e insuficiência respiratória. Após 4 dias no hospital, sem apresentar melhoras no seu quadro clínico, um médico fez o encaminhamento para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), serviço que não funciona naquela unidade de saúde. Então, os pais da criança recorreram à Justiça, que concedeu uma liminar judicial, expedida pelo juiz Talvick Afonso de Freitas, determinando que o bebê fosse internado, com urgência, em uma UTI da rede pública ou privada.

Cleidiane Aguiar, tia da menina, acompanhada de um oficial de Justiça, percorreu todos os hospitais da rede pública e privada onde há leitos de UTI em São Luís durante o fim de semana passado, mas todos alegaram não ter disponibilidade de leito ou profissionais qualificados para cuidar do caso. Então, a criança continuou sendo atendida no Hospital da Criança. “Na segunda-feira [dia 4], voltamos ao Ministério Público e conseguimos outra liminar. Assim, Hanna foi transferida para o Hospital Aliança, ontem [terça-feira] à tarde, mas ela já estava muito debilitada”, informou. Ela disse ainda que a médica de plantão na área vermelha do Hospital da Criança sugeriu que a menina não fosse transferida, pois seu estado de saúde já era muito grave.

Negligência
A família de Hanna Aguiar acusa o Hospital da Criança de negligência. Pedro Duarte, pai da menina, informou que no domingo, dia 20, a menina deu entrada no setor de emergência do hospital com febre alta e dificuldade para respirar. A médica de plantão solicitou que fossem feitos raios-X e, após analisar os resultados dos exames, prescreveu um antitérmico e liberou a criança. “Na noite de domingo, ela teve uma crise muito forte. Voltamos com ela ao hospital na segunda-feira de manhã e o médico que a atendeu reviu os raios-X e disse que ela precisava ser internada urgentemente porque estava com pneumonia”, afirmou.

No hospital, a criança teria contraído infecção hospitalar, o que agravou seu estado de saúde. Ainda segundo Pedro Duarte, por causa de procedimentos inadequados para aplicação de medicação endovenosa na perna esquerda da menina, o membro infeccionou, correndo risco de amputação. Por tudo isso a família afirmou que processará o Hospital da Criança. “Desde o primeiro momento em que Hanna chegou ao hospital ela foi mal atendida. Mesmo sem UTI no local, se os médicos tivessem dado a atenção devida, minha filha estaria viva. Nós procuraremos justiça para o caso”, garantiu.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Saúde (Semus) afirmou que todos os procedimentos médicos em relação ao tratamento de Hanna foram tomados enquanto a paciente permaneceu no Hospital da Criança Dr. Odorico Amaral de Matos. O secretário municipal de Saúde, Gutemberg Araújo, lamentou a morte da criança e reafirmou que em nenhum momento faltou atendimento médico à paciente. Ele acrescentou que a família tem todo o direito de adotar as providências que considerar necessárias nas instâncias legais.

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